
A peça em destaque, Paisagem, é uma pintura a nanquim de autoria de Sesshu, um dos artistas representativos do Japão do século 15. Na realidade, a pintura limita-se à parte inferior do rolo de pendurar em que foi produzida. Os restantes dois terços estão cheios de escritos. Seis monges escreveram poemas no topo, e o próprio Sesshu escreveu no meio, narrando a experiência de ir à China e lá estudar, sob o aprendizado de pintores da corte, e relatando os seus pensamentos em relação aos mestres. Observando os passos pelos quais Sesshu veio a produzir a obra, descortinamos uma era na qual os monges zen budistas tinham uma extraordinária atuação cultural. A arte da pintura a nanquim floresceu nos templos zen budistas, em que a totalidade da vida cotidiana era considerada a prática religiosa. Sesshu foi também monge zen budista, e os poetas que escreveram no rolo eram todos monges de alta hierarquia em sua época. A obra é testemunho dos ricos intercâmbios intelectuais desenvolvidos por monges zen budistas de então.
