Enquanto empresas farmacêuticas correm para desenvolver vacinas, está ficando claro que algumas das principais candidatas precisarão ser mantidas em temperaturas de cerca de 70 a 80 graus Celsius negativos - semelhantes às temperaturas mais baixas do Polo Sul. Esses tipos de entrega em temperatura ultrabaixa são conhecidos como mRNA, ou vacinas baseadas em RNA mensageiro, e são consideradas uma nova abordagem revolucionária destinada a aumentar a produção de anticorpos.
Números surpreendentes
A empresa de logística alemã Deutsche Post DHL Group divulgou um documento em setembro deste ano apontando a dificuldade de garantir cadeias de fornecimento estáveis que atendam aos rigorosos requisitos de temperatura para tais vacinas. A firma estima que seriam necessários 15 mil voos e 15 milhões de caixas de resfriamento para enviar as vacinas necessárias, ao longo dos próximos dois anos.
No Japão, o governo fez um acordo com a gigante farmacêutica norte-americana Pfizer para receber 120 milhões de doses de uma vacina de mRNA contra o coronavírus, se ela se mostrar eficaz. A empresa japonesa Daiichi-Sankyo também está tentando desenvolver um produto de mRNA em colaboração com a Universidade de Tóquio.
Mas o setor de logística do país pode não estar pronto para entregar a quantidade de doses necessária para a população de 120 milhões de habitantes do Japão. Os especialistas dizem que as entregas de vacinas em temperaturas tão baixas são muito raras e geralmente são feitas em milhares, no máximo, e não em dezenas de milhões.
A entrega será possível?
O país provavelmente enfrentará uma crise logística, incluindo a falta de caixas de resfriamento, carregadores de paletes, armazenamento e método de entrega ao destino final que atenda às rigorosas condições de temperatura. Transportadoras privadas e empresas de armazenamento estão fazendo grandes investimentos em cadeias de suprimentos médicos por causa da pandemia, mas muitas dizem que a entrega em temperatura ultrabaixa é extremamente difícil, se não impossível, devido à falta de experiência.
Planejar com antecedência e compartilhar informações entre o governo e o setor privado será a chave para evitar uma crise logística quando uma vacina para a Covid-19 chegar. O desenvolvimento de uma vacina e a preparação de cadeias de fornecimento para distribuí-la precisam ser explorados simultaneamente no Japão, bem como em todo o mundo.