Informações sobre Desastres

Como se proteger de incêndios urbanos que ocorrem após terremotos

(1) Lições do Grande Terremoto de Kanto de 1923

A NHK responde a perguntas relacionadas à mitigação de desastres. Em 2014, o Comitê de Pesquisa de Terremotos do governo japonês disse que havia uma probabilidade de 70% de um megaterremoto atingir Tóquio nos próximos 30 anos. Quando uma grande cidade é atingida por fortes tremores, ocorrerão incêndios.

O Governo Metropolitano de Tóquio estima que, em caso de ocorrência de tais sismos, cerca de 112.000 edifícios podem sofrer incêndios somente na capital. Como poderemos nos proteger dos incêndios provocados por um terremoto? Nesta série, levaremos até vocês informações sobre como se preparar para tais situações.

Cerca de 105.000 pessoas foram mortas ou ficaram desaparecidas no Grande Terremoto de Kanto, ocorrido em 1º de setembro de 1923. Acredita-se que cerca de 90 por cento das vítimas, ou 92.000 pessoas, tenham falecido devido a incêndios.

O que causou esse grande número de mortes? Um dos motivos é o momento em que aconteceu a sacudida: era um pouco antes do meio-dia de um sábado e as pessoas estavam preparando o almoço em fogo de carvão, o que levou à eclosão simultânea de incêndios. O gás ou derivados de petróleo ainda não eram populares na época como fonte de energia. E mais, havia um tufão sobre o Mar do Japão, trazendo para Tóquio ventos muito fortes do sul. Os fogos se espalharam rapidamente com os ventos.

Além disso, os bombeiros não conseguiram tentar apagar os incêndios porque o terremoto havia destruído a rede de abastecimento de água da cidade. Outros motivos incluem o fato de que Tóquio era uma cidade com concentração de casas feitas de madeira, o que permitiu que os incêndios se espalhassem rapidamente, e de que os refugiados carregavam todos os bens familiares que podiam levar, embora os itens geralmente pegassem e espalhassem fogo.

Essas informações são do dia 2 de junho de 2023.

(2) Incêndios simultâneos de 1995

Hoje, nos concentramos nos vários incêndios que eclodiram logo após o Grande Terremoto Hanshin-Awaji, de 1995.

A intensidade sísmica máxima de 7 na escala japonesa, que vai de 0 a 7, foi registrada pela primeira vez na história da observação quando o gigantesco terremoto ocorreu em 17 de janeiro de 1995. Entre as 6.434 vítimas, não foram poucas as que morreram presas sob escombros de prédios desmoronados e engolidas por incêndios. O terremoto provocou cerca de 290 incêndios, que destruíram completamente mais de 7 mil edifícios.

A principal característica desses incêndios é que eles ocorreram simultaneamente em vários locais. Como edifícios desmoronados pegam fogo facilmente, incêndios eclodiram em quase toda a cidade. Devido a congestionamentos no tráfego e a detritos bloqueando as estradas, bombeiros tiveram dificuldade para chegar a seus destinos. Moradores locais e bombeiros voluntários fizeram o possível para apagar as chamas. No entanto, não havia água suficiente para uso, já que o abastecimento de água foi cortado devido ao desastre. Os incêndios continuaram noite adentro. As chamas foram extintas por completo somente três dias depois.

Essas informações são do dia 5 de junho de 2023.

(3) Grande terremoto com epicentro diretamente abaixo de Tóquio

Nesta série, vamos saber como nos proteger de grandes incêndios que se seguem a um terremoto. Desta vez, focamos em que tipos de danos causados por um incêndio são esperados no caso de um grande terremoto ocorrer diretamente abaixo de Tóquio.

O governo estima que um terremoto desse tipo pode matar até 23 mil pessoas e causar danos econômicos no valor de 95 trilhões de ienes, ou cerca de 680 bilhões de dólares.

Prevê-se que um grande terremoto na capital japonesa provoque imediatamente grandes incêndios. Em uma estimativa divulgada pelo governo metropolitano de Tóquio em maio de 2022, se um sismo de magnitude 7,3 ocorresse em uma noite de inverno com ventos soprando a aproximadamente 29 quilômetros por hora, cerca de 112 mil edifícios na capital japonesa seriam destruídos pelo fogo. A estimativa coloca o número total de mortes causadas pelo terremoto em 6.148, das quais 2.482 pessoas, ou mais de 40%, estão previstas para perder a vida como resultado do incêndio.

Prevê-se que é improvável que o fogo se espalhe em áreas dominadas por arranha-céus de concreto dentro da Linha Yamanote — pertencente à companhia ferroviária JR — uma linha de trem circular que contorna a região central de Tóquio. Por outro lado, é provável que muitos edifícios sejam destruídos por incêndios em áreas a oeste e a leste da Linha Yamanote, onde há muitos bairros repletos de casas de madeira.

Essas informações são do dia 6 de junho de 2023.

(4) Incêndios simultâneos após um grande sismo

Hoje, focamos em incêndios que ocorrem simultaneamente após um grande sismo.

O governo japonês estima que um terremoto de magnitude em torno de sete, com epicentro na área metropolitana de Tóquio e arredores, provoque cerca de 2 mil incêndios simultâneos em comunidades afetadas. O governo projeta que, do total, cerca de 600 destes não possam ser apagados antes de se alastrarem, permitindo que se tornem grandes incêndios.

Regiões densamente repletas de casas construídas com madeira são especialmente vulneráveis a esses incêndios. As vias nesses bairros tendem a ser estreitas, facilitando a propagação de incêndios para outros edifícios próximos.

Em Tóquio, áreas com casas de madeira próximas umas das outras circundam o centro da capital, cobrindo um total de 13 mil hectares. O Corpo de Bombeiros de Tóquio fez uma simulação para ver como um incêndio que começa em uma casa se espalha para outras em um bairro residencial. O experimento foi feito com o distrito de Suginami, que é repleto de casas de madeira. A simulação revelou que, caso o incêndio não seja extinto em seu estágio inicial, poderá se espalhar para outras 13 mil moradias após 76 horas de seu início.

Quando há um grupo de residências que podem ser danificadas por um único incêndio, isso é conhecido, no Japão, como uma “Comunidade Destinada por um Incêndio em Comum”. Um estudo da Universidade de Tóquio descobriu que existem 70 comunidades desse tipo na capital japonesa, cada uma composta por pelo menos 3 mil edifícios.

Essas informações são do dia 7 de junho de 2023.

(5) Tempestades de fogo

Na série que trata de como se proteger de grandes incêndios resultantes de terremotos, falamos hoje a respeito de tempestades de fogo — perturbações atmosféricas que podem ocorrer em áreas urbanas após terremotos.

Tempestades de fogo são redemoinhos provocados por incêndios. Existem dois tipos: redemoinhos com chamas e redemoinhos sem chamas.

Às vezes, redemoinhos com chamas provocados por incêndios podem ter mais de 200 metros de altura, resultando em um enorme tornado de fogo, com ventos violentos capazes de deslocar estruturas e pessoas ou até mesmo incendiar cidades inteiras. As tempestades de fogo dispersam fagulhas de incêndios por uma ampla área, fazendo com que o fogo se espalhe por locais inicialmente não afetados pelos incêndios.

Redemoinhos sem chamas provocados por incêndios também são perigosos e podem causar danos graves. Acredita-se que se transformem em um tornado escurecido porque seus fortes ventos sugam areia e fumaça.

Acredita-se que as tempestades de fogo se desenvolvam após grandes incêndios pela influência entre correntes de ar ascendentes e ventos circundantes. Tempestades de fogo semelhantes a tornados escurecidos ocorrem às vezes na direção dos ventos oriundos de grandes incêndios. Esse tipo de tempestade de fogo pode resultar em grande número de vítimas humanas, pois as pessoas não conseguem detectar sua aproximação, principalmente à noite, quando está escuro ao ar livre.

Como as tempestades de fogo se deslocam de forma diferente de incêndios comuns, é impossível prever a direção que virão a tomar.

Essas informações são do dia 8 de junho de 2023.

(6) Poderosas labaredas

Hoje, vamos dar enfoque nas poderosas labaredas que podem devastar áreas atingidas por terremotos.

Grandes labaredas foram observadas após o forte terremoto que aconteceu na região nordeste do Japão em março de 2011. Um enorme turbilhão de chamas surgiu repentinamente na cidade de Kesennuma, na província de Miyagi, onde os bombeiros estavam combatendo as chamas irrompidas após o terremoto.

Um deles disse que objetos em chamas em redemoinhos moveram-se para cima, tal qual uma cobra grossa se enrolando lentamente em direção ao céu.

Posteriormente, os especialistas determinaram que as labaredas tinham 230 metros de altura e 130 metros de largura.

No Grande Terremoto de Kanto de 1923, diz-se que 38.000 pessoas, ou cerca de 40% das pessoas que morreram devido a incêndios pós-terremoto, perderam a vida por causa das labaredas. Durante um período de 34 horas a contar de uma hora após o sismo, 110 grandes labaredas foram observadas em Tóquio e 30 em Yokohama. Uma delas se deslocou por uma distância superior a 2 quilômetros, levando pessoas, carrinhos, madeiras e outros objetos ao ar.

Precauções são necessárias uma vez que o fenômeno pode causar um grande número de vítimas humanas em cidades com aglomerações de pessoas como Tóquio.

Essas informações são do dia 9 de junho de 2023.

(7) O que fazer quando ocorrem tempestades de fogo

Em nossa atual série, falamos sobre como nos proteger de grandes incêndios que ocorrem após um terremoto. A partir de hoje, focaremos nas ações que você deve realizar em tal eventualidade. Primeiro, falamos sobre o que fazer quando ocorrem tempestades de fogo.

O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa de Incêndios e Desastres Shinohara Masahiko diz que pouco se sabe sobre o mecanismo por trás de tempestades de fogo. Ele disse que, por causa disso, nenhuma medida específica foi estabelecida. No entanto, ele deu os seguintes conselhos com base em dados e testemunhos anteriores:

– Não se aproxime de áreas onde o incêndio tenha se espalhado extensivamente, pois grandes tempestades de fogo com alta velocidade tendem a ocorrer nesses locais.

– Não vá para o lado do fogo para onde o vento sopra, porque é lá que às vezes ocorrem tempestades de fogo negras semelhantes a tornados.

– Fique atento aos sinais de alerta que podem indicar a iminência de uma tempestade de fogo. Eles incluem um céu escuro com poeira e fumaça subindo para o ar e sons estrondosos como os de uma trovoada.

– Quando você se encontrar perto de redemoinhos induzidos pelo fogo mas sem chamas, que parecem fumaça preta, fuja para um prédio robusto, com uma estrutura de concreto armado, e fique longe de janelas. Outra opção é se abrigar atrás de um prédio e se agachar. Não se aproxime de carros, armazéns e postes, pois o turbilhão pode fazê-los voar.

Essas informações são do dia 12 de junho de 2023.

(8) Como fugir para um local seguro

Hoje, vamos falar sobre como fugir para um local seguro se muitos incêndios ocorrerem simultaneamente após um grande terremoto.

O professor Murosaki Yoshiteru, da Universidade Provincial de Hyogo, é especialista em gestão de desastres. Ele ressalta que aquele tipo de incêndios simultâneos em áreas urbanas é diferente de incêndios comuns, e que imediatamente após um grande terremoto é difícil identificar o local dos incêndios. Em tal situação, as pessoas não conseguem determinar para qual direção devem fugir, e acabam não conseguindo agir rapidamente.

Devemos ficar alertas mesmo quando os incêndios parecem estar acontecendo em lugares distantes, já que é possível que as chamas estejam se espalhando dentro de uma casa aparentemente intacta nas imediações.

Existem outros fatores que podem dificultar sua fuga além dos incêndios. Se muitas casas desabarem em áreas com moradias de madeira densamente construídas e caminhos estreitos, você terá dificuldade em sair de lá. Muitas pessoas poderão correr para as poucas vias transitáveis, causando pânico. Para evitar este tipo de situação caótica, você deve ir para um local designado para evacuação o mais rápido possível.

Lembre-se disso: “Se avistar mais de duas colunas de fumaça a cerca de 500 metros de distância, deve dar início à evacuação”.

Essas informações são do dia 13 de junho de 2023.

(9) Para onde fugir

Na edição de hoje falamos sobre os diferentes tipos de locais para onde podemos evacuar no caso de desastres e para onde fugir se vários incêndios ocorrerem simultaneamente.

No Japão, existem dois tipos de locais designados pelos municípios para a evacuação de residentes: abrigos de evacuação e locais de evacuação em áreas abertas.

Abrigos de evacuação são edifícios onde as pessoas podem se hospedar quando não é possível permanecer em suas casas devido a um desastre. Ginásios de escolas primárias e secundárias e centros comunitários são comumente designados como abrigos de evacuação.

Os locais de evacuação em áreas abertas são aqueles onde as pessoas buscam proteção ao fugir de perigos iminentes e fatais em caso de desastre. Entre esses locais estão grandes parques e áreas próximas a rios.

Para proteger nossas vidas de vários incêndios simultâneos, devemos, em princípio, fugir para um dos locais de evacuação em área aberta, que são locais ao ar livre em grande escala e, por isso, nos permitem manter uma distância segura dos incêndios em propagação e nos protegermos do calor radiante que sai das chamas.

É perigoso fugir para o pátio da escola ou para um local externo de tamanho semelhante. Esses locais não são suficientemente grandes para nos proteger contra incêndios que estejam se espalhando pela região, já que estaremos inalando o ar quente do calor intenso por um longo tempo.

Não deixem de verificar os mapas de preparação para desastres e outras informações relevantes fornecidas pelas autoridades municipais para saber onde ficam os abrigos de evacuação e locais de evacuação em áreas abertas do seu bairro.

Essas informações são do dia 14 de junho de 2023.

(10) Ações a tomar se estivermos no centro de Tóquio

Desta vez, focamos nas ações que devemos tomar se estivermos no centro de Tóquio quando ocorrer um desastre.

Muitas pessoas se encontram no centro de Tóquio durante o dia, pois a região abriga inúmeros escritórios e outros locais de trabalho. Se um terremoto ocorrer durante o dia, as vias ficarão cheias de pessoas tentando voltar para casa. O Grande Terremoto do Leste do Japão, em 2011, ocorreu na tarde de uma sexta-feira. Na capital japonesa, os trens tiveram a operação suspensa e a maioria dos telefones ficou fora de serviço. Estima-se que 5,15 milhões de pessoas, que estavam desesperadas para voltar para casa, continuaram caminhando na região metropolitana de Tóquio.

No entanto, esses comportamentos humanos podem aumentar os danos causados por vários incêndios que ocorrem simultaneamente após um terremoto. Um comitê de especialistas do governo projeta que, quando um sismo ocorrer diretamente abaixo de Tóquio, os incêndios acontecerão em forma circundante, com seu centro na região central da capital japonesa. Muitos edifícios no centro da cidade foram erguidos com materiais como concreto e, portanto, são resistentes ao fogo. Especialistas acreditam que poucos incêndios ocorrerão na área. Contudo, se as pessoas que estiveram na região começarem a voltar para casa em várias direções, poderão se deparar com um incêndio no caminho. O governo aconselha as pessoas a permanecerem onde estão, em vez de se aventurarem a voltar para casa, se estiverem dentro de edifícios robustos no centro de Tóquio ou em outros lugares.

Essas informações são do dia 15 de junho de 2023.

(11) Como prevenir incêndios elétricos

Hoje, daremos enfoque à eletricidade, uma das principais causas de incêndios.

Fogos decorrentes de motivos elétricos têm gerado significativos danos em casos de grandes sismos. No Grande Terremoto de Hanshin-Awaji, ocorrido em janeiro de 1995, 60% dos incêndios foram atribuídos a causas relacionadas à eletricidade.

Dos incêndios registrados no Grande Terremoto do Leste do Japão, de 2011, mais da metade também estava relacionada a questões elétricas.

Por exemplo, artigos espalhados por grandes tremores podem entrar em contato com um aquecedor elétrico e pegarem fogo. Em outros casos, um cabo elétrico danificado pode emitir faíscas quando a eletricidade é reativada após um apagão. E se um incêndio tiver início quando não houver ninguém em casa, também poderá causar grandes danos às construções vizinhas.

As seguintes medidas são eficazes para a prevenção de incêndios elétricos:
Quando ocorrer um grande tremor, desligue imediatamente a energia dos aparelhos elétricos e retire o plugue da tomada.

Desligue o disjuntor principal quando evacuar a casa.

Instale um disjuntor sensível a terremotos que desligue automaticamente a eletricidade ao detectar um determinado nível de abalo.

Essas informações são do dia 16 de junho de 2023.

(12) Extinção de incêndios na fase inicial

Hoje, na última edição, destacamos a extinção de incêndios na fase inicial.

Apagar um incêndio o mais rápido possível é importante para limitar os danos. Quando ocorre um grande terremoto, carros de bombeiros podem não conseguir chegar ao local do incêndio e também pode haver uma interrupção no abastecimento de água.

Há três pontos essenciais a serem observados ao lidar com a fase inicial de um incêndio em ambientes fechados.

Primeiramente, garantir sua segurança é a principal prioridade em um terremoto. Mesmo que algo pegue fogo e as chamas sejam pequenas, elas podem ser apagadas depois que os tremores diminuírem.

Em segundo lugar, alerte as pessoas próximas para avisá-las do incêndio e pedir ajuda.

Terceiro, esteja ciente de quando deve desistir de apagar as chamas sozinho. Se o teto pegar fogo, o incêndio se espalhará muito rapidamente. Portanto, quando as chamas atingirem o nível dos olhos, interrompa seus esforços de extinção e se retire do recinto imediatamente.

Um extintor é vital para apagar um incêndio em estágio inicial. É importante que as pessoas estejam cientes de como usá-lo.

O professor Nakabayashi Itsuki, da Universidade Metropolitana de Tóquio, é especialista em prevenção de desastres urbanos. Ele diz que cada pessoa precisa se esforçar para prevenir a ocorrência incêndios. Se assim o fizerem, há chances de haver menos incêndios simultâneos após um terremoto.

Essas informações são do dia 19 de junho de 2023.