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Evacuação de estrangeiros – Como salvar todos durante um desastre

1. Como superar desastres no Japão?

Quando ocorre um desastre no Japão, há vezes em que estrangeiros que vivem no país se tornam vulneráveis, pois enfrentam diversos riscos devido a diferenças linguísticas e culturais. Nesta série, vamos focar em dicas que podemos aprender com vários casos em todo o país.

Há em torno de três milhões de estrangeiros que vivem no Japão, excluindo os viajantes de curto período. Isso significa que uma em cada 50 pessoas é estrangeira, perfazendo cerca de 2% da população total do país.

Sobre o número de estrangeiros por país e região que vivem no Japão: a China tem o maior número de pessoas, seguida do Vietnã, em segundo lugar. Mais e mais vietnamitas têm vindo ao país para participar de programas de treinamento técnico em produção industrial e agricultura. Já a Coreia do Sul ocupa a terceira posição; as Filipinas, o quarto lugar; e o Brasil, o quinto.

A chinesa Yang Zi, do Instituto para a Diversidade Humana do Japão, visitou diversas áreas afetadas por desastres, incluindo a província de Kumamoto, que foi atingida por um forte terremoto em 2016. A pesquisa de Yang foca na situação de estrangeiros afetados por desastres.

Yang Zi afirma que, embora a palavra “estrangeiro” seja empregada coletivamente para designar todas as pessoas de origem estrangeira, elas possuem seu próprio idioma e sua própria cultura. Desse modo, é importante tanto para os japoneses como para os estrangeiros compreender e ajudar uns aos outros durante um desastre. Yang ressalta a necessidade de proporcionar apoio que corresponda a diversas línguas e culturas.

Estas informações são do dia 14 de março de 2023.

2. História de um paquistanês que enfrentou fortes terremotos logo depois de chegar no Japão

Sheeraz S. Khan, imã paquistanês, vive na cidade de Kumamoto, no sudoeste do Japão. Fazia um mês que tinha se mudado para a cidade quando um terremoto que registrou 7 na escala japonesa de intensidade sísmica que vai de 0 a 7, atingiu a cidade no dia 14 de abril de 2016. Khan achou que seria perigoso permanecer dentro do edifício e então evacuou para um parque próximo à mesquita com outros muçulmanos. Era noite e começava a chover.
Khan e seus acompanhantes enfrentaram então a “barreira da língua”.

Ele disse que “veio um veículo do governo local e nos disseram algo, mas não pudemos compreender o que diziam. Tivemos que permanecer ali toda a noite”.

Khan e seus acompanhantes finalmente chegaram a um abrigo, mas encontraram outro problema: a comida no local.
Muçulmanos escolhem alimentos com certificação halal para consumir. Halal é a designação dos produtos que os muçulmanos podem consumir conforme a lei islâmica. Mas Khan diz que não sabia que tipo de ingredientes havia na comida servida no abrigo, e por isso não pôde comer nada. Ele perguntou ao pessoal do local sobre os ingredientes, mas eles disseram que não sabiam pois se tratava de uma situação de emergência.

Estas informações são do dia 15 de março de 2023.

3. Como um grupo de intercâmbio local tem ajudado moradores estrangeiros

Quando fortes terremotos atingiram a província de Kumamoto, em abril de 2016, cerca de 4.500 pessoas de diversas nacionalidades que moravam na cidade de Kumamoto acabaram sendo afetadas. Incluíam-se aí pessoas do Paquistão, da China, da Coreia do Sul e das Filipinas.

A Fundação Internacional de Kumamoto as ajudou. A organização é incumbida pela Prefeitura local para que consulte moradores estrangeiros a respeito de suas vidas cotidianas. O Centro Internacional da Cidade de Kumamoto, onde se encontra o escritório da fundação, foi designado como a base de operações para ajudar estrangeiros em caso de desastres.

Yagi Hiromitsu, que era o chefe do secretariado na época, entrou em ação imediatamente para que o centro servisse como um local de evacuação capaz de lidar com diversos idiomas e culturas. Yagi disse que fez rondas para perguntar a pessoas a respeito de idiomas ou outros problemas, e se elas precisavam de ajuda para acomodar suas próprias culturas.

Até 140 pessoas, incluindo japoneses e estrangeiros, buscaram abrigo no centro. Informações sobre cronogramas de refeições, transportes, etc., eram afixadas em um quadro branco nos idiomas inglês, chinês, entre outros.

Funcionários da fundação também responderam a diversos requisitos alimentares, de acordo com a religião e cultura. Yagi Hiromitsu afirmou que algumas pessoas ficaram aliviadas depois de receberem explicações sobre os ingredientes.

Estas informações são do dia 16 de março de 2023.

4. Estrangeiros que se encontram em locais de evacuação

Os terremotos de abril de 2016 na província de Kumamoto trouxeram caos para diversas áreas e destruíram vias de passagem. Nem todos os residentes estrangeiros conseguiram chegar ao local designado como base de operações para ajudar estrangeiros em caso de desastre. Por isso, autoridades locais se dividiram em grupos e fizeram rondas pelos locais de evacuação em busca de estrangeiros.

Yang Jun, que vive em Kumamoto há 30 anos, prestou ajuda a chineses que foram evacuados. Ela oferece atendimentos em chinês na Fundação Internacional de Kumamoto. Quando ela visitou os centros de evacuação, ela percebeu que estrangeiros se encontravam isolados em um local lotado de japoneses.

Yang disse: “Quando eu lhes perguntei ‘como vocês estão?’ em sua língua natal, mesmo as pessoas que já viviam no Japão há anos ficaram aliviadas. Tanto que algumas chegaram a chorar”.

Barreiras no idioma causam diversas dificuldades. Em um dos centros de evacuação, japoneses desalojados reclamaram que um estrangeiro vinha pegando mais suprimentos do que o necessário para uma pessoa. Ao conversar com o estrangeiro em questão, Yang descobriu que o indivíduo estava pegando suprimentos a mais para um membro de sua família que estava ausente durante o dia. Quando Yang explicou a situação para os outros evacuados, o desentendimento foi resolvido.

Estas informações são do dia 17 de março de 2023.